O Relógio do Juízo Final ou Relógio do Apocalipse (no original em inglês: Doomsday Clock) é um relógio simbólico mantido desde 1947 pelo comitê de diretores do Bulletin of the Atomic Scientists da Universidade de Chicago. O dispositivo utiliza uma analogia onde a raça humana está a “minutos para a meia-noite”, onde a meia-noite representa a destruição por uma guerra nuclear.
Desde sua introdução, o relógio vem aparecendo na capa de cada exemplar do Bulletin of the Atomic Scientists. A primeira representação do relógio foi produzida em 1947, quando a artista Martyl Langsdorf, esposa do físico Alexander Langsdorf Jr. (que trabalhou no Projeto Manhattan), foi convidada pelo co-fundador da revista Hyman Goldsmith para desenhar uma capa para a edição de Junho.
O número de minutos para a meia-noite, uma medida do nível nuclear, de aparelhamento e tecnologias envolvidas, é atualizado periodicamente.
O efeito Trump tem afetado o relógio, tanto que acrescentou 30 segundos desde que começou a governar.
O relógio foi iniciado em sete minutos para a meia-noite durante a Guerra Fria em 1947, e tem sido posteriormente avançado ou retrocedido em intervalos regulares, dependendo do estado mundial e da perspectiva de uma guerra nuclear. O ajuste é relativamente arbitrário, feito pela diretoria do Bulletin of the Atomic Scientists em resposta aos acontecimentos mundiais.
O ajuste do relógio não tem sido feito rápido o suficiente para denotar certos eventos. A crise dos mísseis de Cuba em 1962, por exemplo, alcançou seu auge em algumas semanas, e o relógio não foi ajustado durante aquele período, provavelmente esse evento seria a tão temida “meia noite” da humanidade. Não obstante, alterações no relógio geralmente atraem atenção.
Em 26 de Janeiro de 2017, houve um avanço de três para dois minutos e trinta segundos para a meia-noite, a primeira mudança com uso de fração desde 1947.
Em 25 de Janeiro de 2018, foi anunciado um avanço para dois minutos para a meia-noite. A última vez que o relógio marcou esta hora foi em 1953, quando os Estados Unidos e a União Soviética testavam dispositivos termonucleares.
Os ponteiros do relógio já se moveram 23 vezes em resposta aos eventos internacionais desde seu início em sete minutos para meia-noite, em 1947. Quanto mais baixo o ponto no gráfico, maior a probabilidade de uma catástrofe nuclear.
Relógio do Apocalipse está a dois minutos do fim do mundo
Tensão em potências nucleares, mudanças climáticas e ataques cibernéticos colocaram os ponteiros a dois minutos da meia-noite.
O Boletim dos Cientistas Atômicos, que desde a década de 1940 monitora as ameaças nucleares do planeta, classificou que o aumento das tensões entre as potências nucleares e e falta de ações contra as mudanças climáticas é o “novo anormal”. Além disso, o grupo se preocupa com o agravamento da cibersegurança e ciberguerra.
Com isso, o “relógio do fim do mundo” marca 23:58, faltando apenas dois minutos para a meia-noite, horário que representa o apocalipse nuclear.
Segundo Rachel Bronson, presidente e diretora executiva da organização, esta é a terceira vez na história que o relógio está tão próximo de uma catástrofe global. A primeira situação ocorreu em 1953, no auge da Guerra Fria, quando a União Soviética e os Estados Unidos testavam suas bombas termonucleares. E em 2018, o grupo ajustou o ponteiro após a notícia dos testes nucleares da Coreia do Norte.
“O fato de o relógio não ter mudado é uma má notícia”, afirmou Robert Rosner, astrofísico da Universidade de Chicago e presidente do Conselho de Ciência e Segurança do Boletim. “Onde estamos é muito perto do desastre.”
Para Herb Lin, pesquisador de segurança e políticas na Universidade Stanford e membro do Boletim, os ataques cibernéticos do ano passado, destinados a corromper o fluxo de informações, polarizaram as populações e minaram a confiança na ciência. “Essas práticas atacam a própria ideia de discurso racional”, disse. “É o uso mais traiçoeiro de ferramentas cibernéticas para explorar as fraquezas da cognição e do pensamento humano.”
O Boletim também observou que a Rússia, a China e os Estados Unidos pararam de conversar entre si sobre questões de armas. E os planos do governo norte-americano de construir seu arsenal de armas nucleares poderiam levar a outra corrida armamentista, segundo Sharon Squassoni, pesquisadora de segurança e política da Universidade George Washington, e integrante do Boletim.
Esforços para combater as mudanças climáticas também pioraram no ano passado. As nações não estão reduzindo suas emissões de gases de efeito estufa com a rapidez necessária para atingir as metas do Acordo Climático de Paris. Inclusive, os Estados Unidos e alguns países da Europa aumentaram as emissões em relação aos anos anteriores.
“Nossa falha em impedir o aumento das emissões é um ato de negligência grosseira”, declarou Susan Solomon, química do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. “O novo clima anormal que temos é extremamente perigoso, e nos movemos para um caminho que ainda tornará nosso futuro ainda pior.”
O Relógio d sede a sua criação
Ano | Min. restantes | Tempo | Mudança | Motivo | Imagem |
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1947 | 7 | 11:53 | — | A contagem inicial do Relógio do Juízo Final. | ![]() |
1949 | 3 | 11:57 | -4 | A União Soviética testa sua primeira bomba atômica. | ![]() |
1953 | 2 | 11:58 | -1 | Os Estados Unidos e a União Soviética testam dispositivos termonucleares no intervalo de nove meses entre um e outro. | ![]() |
1960 | 7 | 11:53 | +5 | Em resposta a uma percepção de um aumento da cooperação científica e compreensão pública dos perigos de armas nucleares. | ![]() |
1963 | 12 | 11:48 | +5 | Os Estados Unidos e a União Soviética assinam o Tratado de Interdição Parcial de Ensaios Nucleares, limitando testes nucleares atmosféricos. | ![]() |
1968 | 7 | 11:53 | -5 | França e China adquirem e testam armas nucleares (1960 e 1964 respectivamente); guerras no Oriente Médio, subcontinente indiano, e a Guerra do Vietnã. | ![]() |
1969 | 10 | 11:50 | +3 | O Senado dos EUA ratifica o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. | ![]() |
1972 | 12 | 11:48 | +2 | Os Estados Unidos e a União Soviética assinam o Acordo de Limitação de Armamentos Estratégicos (SALT I) e o Tratado Anti-míssil balístico. | ![]() |
1974 | 9 | 11:51 | -3 | Índia testa um dispositivo nuclear (Smiling Buddha). | ![]() |
1980 | 7 | 11:53 | -2 | Outros impasses nas conversações EUA – URSS provocam guerras nacionalistas e ações terroristas. | ![]() |
1981 | 4 | 11:56 | -3 | Intensifica-se a corrida armamentista; conflitos no Afeganistão, África do Sul, e Polônia aumentam a tensão mundial. | ![]() |
1984 | 3 | 11:57 | -1 | Nova escala da corrida armamentista nos EUA na política de Ronald Reagan. | ![]() |
1988 | 6 | 11:54 | +3 | Os EUA e a União Soviética assinam um tratado para eliminar as forças nucleares de alcance intermédio; melhoram as relações. | ![]() |
1990 | 10 | 11:50 | +4 | Queda do Muro de Berlin; sucesso nos movimentos anti-comunistas na Europa Ocidental; Guerra Fria próxima ao fim. | ![]() |
1991 | 17 | 11:43 | +7 | Os Estados Unidos e a União Soviética assinam o Tratado de Redução de Armamentos Estratégicos (Strategic Arms Reduction Treaty). O relógio está na sua maior distância da meia-noite até hoje. | ![]() |
1995 | 14 | 11:46 | -3 | Despesas militares globais continuam nos níveis da Guerra Fria; preocupações com a inteligência e a proliferação de armas nucleares soviéticas. | ![]() |
1998 | 9 | 11:51 | -5 | Índia e Paquistão testam armas nucleares; Estados Unidos e Rússia entram em dificuldades em reduzir os estoques. | ![]() |
2002 | 7 | 11:53 | -2 | Pequeno progresso sobre o desarmamento nuclear global; Estados Unidos rejeita uma série de tratados de controle de armamento e anuncia a sua intenção de se retirar do Tratado Anti-Mísseis Balísticos; terroristas procuram adquirir armas nucleares. | ![]() |
2007 | 5 | 11:55 | -2 | Recente teste nuclear da Coreia do Norte; ambições nucleares do Irã. Novo interesse dos EUA sobre a utilidade militar de armas nucleares; a não suficiente adequação dos materiais nucleares, bem como a continuação de cerca de 26000 armas nucleares nos Estados Unidos e na Rússia. Especialistas avaliam os riscos para a civilização ter acrescentado o Aquecimento Global e a perspetiva de uma aniquilação nuclear como as maiores ameaças à humanidade. | ![]() |
2010 | 6 | 11:54 | +1 | Cooperação mundial para reduzir arsenais nucleares e compromissos para limitar as emissões de gases que comprometem a estabilidade climática.[4] | ![]() |
2012 | 5 | 11:55 | -1 | Piora na situação mundial devido aos perigos de proliferação nuclear e mudança climática. | ![]() |
2015 | 3 | 11:57 | -2 | Os líderes globais, “falharam em agir na velocidade ou escala requerida para proteger os cidadãos de uma potencial catástrofe, seja pelo aquecimento global ou na luta contra a corrida armamentista nuclear”.[5] | ![]() |
2017 | 2,5 | 11:57:30 | –1⁄2 | Aumento do nacionalismo, comentários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as armas nucleares, a ameaça de uma renovada corrida armamentista entre os EUA e a Rússia e a descrença no consenso científico sobre a mudança climática pela Administração Trump.[6][7][8][9] Este é o primeiro uso de uma fração no tempo e o mais próximo de meia-noite desde 1953. | ![]() |
2018 | 2 | 11:58 | –1⁄2 | Significativos avanços na tecnologia de armas nucleares norte-coreana, ações provocativas trocadas entre Coréia do Norte e Estados Unidos[3]. A última vez que o relógio esteve tão perto da meia noite foi em 1953. | ![]() |