O desejo de habitat o planeta Marte não vem de ontem. Ela está presente nos filmes de ficção desde o século 19, e teorias conspiratórias ganharam força quando o astrônomo norte-americano, Percival Lowell especulou que os canais vistos no Planeta Vermelho poderiam ser sinais de vida extraterrestre inteligente. Mas será que o sonho de colonização em Marte poderá se tornar realidade? Poderíamos viver em Marte?
Em 1965 a nave Mariner 4 da NASA completou seu primeiro sobrevoo em Marte, e seis anos depois, a sonda Mars 3 foi a primeira a pousar controladamente no Planeta Vermelho. Desde então, tivemos inúmeras missões ao nosso vizinho próximo, e hoje temos rovers que andam pela sua superfície em busca de água e de indícios de vida microbiana, mesmo que seja do passado remoto.
A NASA tem até um projeto para lançar uma missão tripulada à Marte, que deve ocorrer em meados de 2030. Ainda não se sabe qual seria o melhor lugar para pousos tripulados, e para uma possível colônia, mas acredita-se que a melhor ideia seria alguma região do hemisfério norte, segundo Ashwin Vasavada, cientista de projetos da missão MSL (a mesma missão do rover Curiosity).
Assim como a Terra, Marte também passa por estações climáticas por conta de sua inclinação de eixo, mas os efeitos são mais drásticos no hemisfério sul. Por conta de sua órbita alongada, o hemisfério sul do planeta fica mais inclinado com relação ao Sol durante o afélio (máxima distância do Sol), resultando em invernos muito mais frios, e verões muitos mais quentes do que aqueles do hemisfério norte.
Portanto, a nossa base marciana deveria ser montada no hemisfério norte, onde experimentaríamos cerca de 7 meses de primavera, 6 meses de verão, pouco mais de 5 meses de outono e apenas cerca de 4 meses de inverno. Um ano em Marte equivale a 1.88 anos da Terra, e um dia marciano dura pouco mais de 24 horas da Terra.
E não se engane com sua aparência desértica, pois a temperatura média em Marte é de -60°C, oscilando de -126°C (no inverno próximo dos polos) a 20°C (no verão próximo do equador). As temperaturas também variam drasticamente em questão de dias ou semanas, o que resulta em fortes tempestades de areia, que apesar de não representar um risco direto para a vida dos astronautas, podem danificar equipamentos e encobrir painéis, segundo Ashwin.
A atmosfera marciana também é muito pouco densa, equivalente a apenas 1% da atmosfera da Terra, mas é suficiente para servir de barreira para pequenos fragmentos espaciais, portanto, poderíamos ver alguns meteoros durante a noite. Mas segundo Ashwin, grandes meteoros do tipo bolas de fogo são extremamente raros por lá.

Também não precisaríamos nos preocupar com atividades vulcânicas ou terremotos, porém, o inimigo número um de todo astronauta seria a radiação espacial. “Diferente da Terra, Marte não tem um campo magnético global e uma atmosfera densa para nos proteger da radiação”, comenta Ashwin.
E como seria a comunicação com o nosso planeta? Caso acontecesse qualquer imprevisto e você precisasse entrar em contato com a Terra, uma mensagem levaria cerca de 15 minutos para ser entregue, e mais 15 minutos para receber a resposta. Apesar de não parecer tanto tempo, uma chamada de vídeo seria quase impossível.
Com relação ao clima, veríamos pequenas nuvens durante as manhas frias, mas como o ar marciano contém baixos níveis de umidade de calotas polares, não haveria nuvens durante todo o resto do dia, e claro, nenhuma chuva… E com um céu tão limpo, as noites marcianas seriam fantásticas para observar as estrelas. Astrônomos amadores buscariam as luas de Marte Deimos e Phobos, que apesar de serem pequenas comparadas com a nossa Lua, são grandes o suficiente para eclipsar o Sol parcialmente durante o dia.
Os dias marcianos (apesar de não haver nuvens por lá) teriam tons alaranjados por conta de tanta poeira. Veríamos o nascer e o pôr do Sol em Marte com os mesmos tons de cores que vemos aqui na Terra durante dias muito escuros e de forte nebulosidade, com exceção da área ao redor do Sol, que seria azul.
E quando você estivesse entediado(a), você provavelmente iria visitar alguns pontos turísticos exuberantes, como o famoso Olympus Mons, ou Monte Olimpo, o maior vulcão do Sistema Solar, com 25 quilômetros de altura. Valles Marineris, por outro lado, é uma região de vales com milhares de quilômetros de extensão. Também iríamos visitar as antigas sondas, que pararam de funcionar, e as que ainda estão trabalhando. Quem sabe tirar uma selfie com a Curiosity.
As calotas polares também seriam excelentes regiões para se conhecer. Nessas regiões frias poderíamos ter a sorte de experimentar uma nevasca de gelo seco. Mas todo esse passeio turístico levaria um bom tempo, pois a gravidade de Marte é equivalente a 38% da gravidade da Terra, e seria um desafio nos acostumarmos com a relativa facilidade de movimentos por lá, onde qualquer corrida poderia resultar em passos maiores que as pernas, e saltos que alcançariam poucos centímetros aqui na Terra te levariam a metros de altura por lá…

Marte é um mundo semelhante à Terra, guardadas as devidas proporções, mas os dois planetas são realmente mundos distantes e muitos mistérios permanecem. Aqui está um resumo do que se sabe:
Terra | Marte | ||
Diâmetro | 12.756 quilômetros (cerca de 7.926 milhas). Saiba mais aqui. | Aproximadamente 6.794 quilômetros (4.222 milhas), ou 53 por cento do diâmetro terrestre. | |
Vida | Sim. | Desconhecemos. | |
Vida inteligente | Alguns dizem que sim. | Não, provavelmente micróbios seja a melhor hipótese. | |
Distância do Sol | 1 unidade astronômica (AU), ou cerca de 150 milhões de quilômetros (93 milhões de milhas) em média. | Varia de 1,381 AU a 1,666 AU devido a órbita não circular (órbita elíptica). | |
Temperatura | Muito quente no verão ou muito frio no inverno, dependendo do local (ou às vezes as duas opções ao mesmo tempo). Média: 8,5 graus Celsius (47,3 graus Fahrenheit) sobre áreas terrestres. Mais quente se o ar sobre os oceanos for incluído. | Absurdamente frio na maior parte do tempo. Congelante na maior parte da superfície. Média planetária: -55 graus Celsius (-67 graus Fahrenheit). Você pode arregaçar as mangas em momentos fugazes no verão durante o dia. | |
Característica mais impressionante | É vista azul do espaço exterior, devido a dois terços de água | Parece ruivo do espaço exterior, devido a estar coberto com ferro oxidado. Os terráqueos chamam ferro oxidado de “ferrugem”. | |
Radiação cósmica | Mansa, devida à cortesia da proteção provida por um campo magnético forte. | Problemática, devido a um campo magnético fraco. | |
Clima | Furacões, tufões e tornados são um problema real. Nevoeiro revoltante e interminável na costa da Califórnia. Muita falta de chuva em partes da África. Muito úmido em muitos outros lugares. | As tempestades de poeira são abundantes. Às vezes, todo o planeta fica obscurecido. Redemoinhos de poeira que se elevam mais alto na atmosfera do que os furacões terrestres e tempestades parecidas com furacões tão do tamanho do Texas. | |
Massa | 1 massa terrestre. Em quilogramas, é cerca de 6 com vinte e quatro zeros depois. Mas para ser exato equivale a 5,97237×1024 kg. | Cerca de 10,7 por cento da massa terrestre. Ou exatos 6,4171×1023 kg. | |
Maior mistério | Como a vida começou. | Existe vida? | |
Maior mito | O que diz que nós realmente não fomos a Lua. | Um suposto rosto fotografado na superfície do planeta em 1976. Um famoso caso de | |
Dia | 23 horas, 56 minutos e 4,1 segundos. | 24 horas, 37 minutos, 22,5 segundos. | |
Ano | 365 dias (o tempo necessário para dar uma volta ao redor Sol). | 687 dias terrestres, ou cerca de 670 dias marcianos. | |
Gravidade | Equivale a 9.780 m/s2 no equador ou 9.832 m/s2 nos polos, ambos ao nível do mar. Por definição, equivale a gn = 9,80665 m/s2 | 37,6 por cento da gravidade terrestre ao nível do mar. Ou seja, equivale a 3,711 m/s2 | |
Inclinação do eixo de rotação | 23,5 graus. | 25 graus. | |
Satélites | A Lua, o nosso único satélite natural, mais vários satélites de comunicação e toneladas de lixo espacial. | Dois satélites naturais, Fobos e Deimos, mais dois enviados pela NASA e mais um a ser lançado. | |
Atmosfera | Bastante. Cerca de 76 por cento do ar é nitrogênio, com cerca de 21 por cento de oxigênio. Os próximos elementos mais comuns, em ordem, mas em quantidades muito pequenas: argônio, dióxido de carbono, néon. | Não muito. Menos de 1 por cento da densidade do ar da Terra na superfície e tem principalmente dióxido de carbono (95,3 por cento), com traços de oxigênio (0,15%). | |
Riscos vulcânicos | Você no lugar errado e na hora errada diga adeus. Está próximo? Tire uma foto. | Nada além de remanescentes: ex-bestas subindo silenciosamente no ar. | |
Cavernas | Muitas, e são ótimos lugares para a vida microbiana se esconder. | Talvez, e eles são prováveis locais para os humanos se esconderem. | |
Neve | Toneladas. Como 1.140 polegadas na rua Mt. Baker em Washington durante a temporada 1998-99, um recorde mundial. Isso equivale a 29 metros (95 pés). | Sim, surpreendentemente, mas você não gostará de esquiar nela. E está derretendo, talvez devido ao aquecimento global. | |
Gelo de água | Sim, muitas vezes invisível sob pneus de carro em movimento. | Sim, boa parte dela invisível e sob a superfície ou sob outro tipo de gelo no polo sul. | |
Gelo seco | Com certeza. 1.900 quilogramas (4.200 libras) são usados semanalmente em apenas um show de Vegas. | Toneladas, cobrindo o gelo de água no polo sul. | |
Água | Inunda em alguns lugares, especialmente em porões, cai do céu, principalmente durante piqueniques. | Muita na forma congelada. E possivelmente muito do tipo líquido há muito tempo. | |
Melhor foto | The Blue Marble. | Não foi possível decidir, já que tivemos 10 especialistas escolhendo. |